segunda-feira, 30 de março de 2015

Comemoração dos 500 anos do nascimento de Teresa de Ávila numa publicação com escritores de vários países. Os autores de língua portuguesa aqui representados são: Albano Martins, António Salvado, Victor Oliveira Mateus, Carlos Pires, Álvaro Alves de Faria, Carlos Nejar e Mauro Rodrigues de Andrade.
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Este viernes pasado, víspera del 500 aniversario del nacimiento de Teresa de Jesús, se presentó en Ávila el número especial de la revista El Cobaya, dirigida por el poeta José María Muñoz Quirós, estrechamente vinculado con Salamanca.

En realidad son tres números en uno (23, 24 y 25), donde participan poetas, narradores, pintores y ensayistas. El alcalde abulense, Miguel Ángel García Nieto, lo calificó como “el número por excelencia de El Cobaya durante mucho tiempo”.

Entre los 104 poetas que forman parte del número 25, titulado “verso a verso”, hay varios poetas brasileños y portugueses cuyos poemas, escritos expresamente para este importante homenaje, han sido solicitados y traducidos en Salamanca por el poeta Alfredo Pérez Alencart, profesor de la Usal y colaborador de SALAMANCArtv AL DÍA.

Entre los destacados poetas en lengua portuguesa están los brasileños Carlos Nejar (Teresa de Ávila, o del soplo divino), Álvaro Alves de Faria (Siglo 16) y Mauro Rodrigues de Andrade (A una Creyente). Los portugueses son Albano Martins (Santa Teresa de Ávila), António Salvado (Recóndito recado a Santa Teresa de Ávila), Carlos Pires (Oración) y Victor Oliveira Mateus (Moradas de silencio).

Alencart, quien aporta su texto “Teresa me sabe a Dios”, también gestionó los poemas de Elena Liliana Popescu (Rumania), José Antonio Funes (Honduras), Gabriel Chávez Casazola (Bolivia), Mainak Adak (India), de los chilenos Juan Antonio Massone y Marcelo Gatica; de  los venezolanos José Pulido, Enrique Viloria, Carmen Cristina Wolf y Horacio Biord, o de los españoles Jesús Fonseca y Enrique Villagrasa.

Y si Mauro Rodrigues de Andrade dice: “Tremenda fe la de tu amor alucinante, / En evangélica entrega, en alado viaje…”; Salvado añade: “Cerrados ojos que otra vida veían,/ las manos levantadas hacia lo inefable…”.  A lo que Alves de Faria apunta: “Las noches son más largas/ con esa mujer que murió en el siglo 16 / observándome desde un retrato”. Nejar se pone en la piel de Teresa, y dice: “Y en el amor, el espíritu,/ el anhelo infinito/ sube junto a las aves./ Oh Señor, acudo/ a tu fuego suave”. Finalmente, Oliveira Mateus, culmina: “…Este es el silencio/ que siempre quise, aquel que a la noche/ atraviesa corredores y celdas dibujando/ en las losas mis Moradas…”.

Este número circula recién a partir del 24 de abril, junto con otras dos magníficas publicaciones coordinadas por Muñoz Quirós para la Concejalía de Cultura del Ayuntamiento abulense, a cargo de Sonsoles Sánchez, también profesora de la Universidad de Salamanca.
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domingo, 29 de março de 2015



  " Ossos sem nome  "


Como reter um qualquer
pedaço de vida
se o esquecimento desmancha
até a sombra do sonho
que é o ócio do corpo?
O vazio e o nada rompem
as endurecidas lembranças
que seguram com remendos sagrados
a funda altivez da morte.


Já chamam de pátria
a surda cantiga da terra.
Risos, venenos, segredos,
suor de amantes, intrigas e encanto
disfarçam-se nos lírios
e nos enfeites do mármore.


O que fica
guardado no tempo?


Ossos sem nome.




   Peixoto, Lina Tâmega. Entre desertos. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2013, p 24.
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sábado, 28 de março de 2015



fiquei sem asa
olho para o lado do lugar
que seria o da asa e não vejo
pena
porque seria a maneira
de me perguntar
se estaria interessada
em me procurar
e adiantar com as penas dos outros
uma própria asa


colo com cuspe umas simples penugens
enquanto o vento não sopra
e me traga de volta
mesmo soltas
as sobras da luta




   Paes, Inez Andrade. Da Eterna Vontade. Fafe: Editora Labirinto, 2015, p 32.
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terça-feira, 24 de março de 2015

Nota - "Cartas a Taranta-Babu" é um livro escrito por Nâzim Hikmet em 1935. Nele um jovem etíope vivendo em Roma nas vésperas da guerra da Abissínia, dirige-se à sua mulher para lhe descrever a Itália de Mussolini. Pela possibilidade sintética das imagens e pelo seu lirismo sensual e dinâmico esta obra é uma das que acabariam por conduzir a poesia de Hikmet à elaboração de uma forma épica moderna.
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 " Septième lettre à Taranta-Babu "

Je sais
que les questions rangées
sur les rayons de ta tête
comme    des flacons fermés
ne dépassent guère le nombre de cinq ou six...
Toi qui es aussi ignorante
     qu'un professeur de droit international public...
(...)

Tu me diras:
   - "Peut-on poser une telle question
             à une Africaine!
   La disette est la mort pour nous
     l'abondance c'est la joie...."

Mais c'est curieux Taranta-Babu
ici c'est le contraire:

Ici est un monde
                si étonnant que
l'on meurt dans l'abondance,
l'on vit dans la disette
Les hommes comme des loups affamés et épuisés
           errent dans les faubourgs,
les greniers sont fermés
les greniers sont pleins de blé
Les métiers à tisser
   peuvent fabriquer des tissus de soie
                                        en quantité suffisante
pour tapisser le chemin
                                  de la terre au soleil
les hommes pieds nus
              les hommes tout nus.
Ici est un monde
              si étonnant que,
les poissons boivent du café
les nouveau-nés ne trouvent pas de lait.
On nourrit les hommes de paroles,
les porcs de pommes de terre.
(...)
   "Douzième lettre à Taranta-Babu"

Ils arrivent TARANTA-BABU
ils arrivent pour te tuer,
t'éventrer
  voir tes intestins  se tortiller  sur le sable
                                comme des serpents affamés
Ils viennent pour te tuer, TARANTA-BABU,
toi
    et tes chèvres.
Alors qu'ils ne te connaissent pas
                                 et que tu ne les connais pas...
(...)
À Rome, ville de la grandeur et de la justice
             les actions et les obligations seront en hausse,
et derrière     ceux qui s'en vont,
nos nouveaux maîtres viendront
                                       pour dépouiller nos morts...


  Hikmet, Nâzim. Il neige dans la nuit et autres poèmes. Paris: Éditions Gallimard, 1999, pp 376 - 380.
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sábado, 21 de março de 2015

Texto de apresentação da Antologia "Cintilações da Sombra 3" (Lisboa, 2015/3/21)


Quando a poesia se contempla, nua, ao espelho:

Novos rumos da literatura

 

João de Mancelos

(Universidade da Beira Interior)

 

O escritor modernista norte-americano Wallace Stevens comparava, com perspicácia, o poeta a uma gralha. Como essa ave constrói, paulatinamente, o ninho graças aos materiais que esgravata, também um homem ou mulher de letras elabora o seu texto a partir de ideias, imagens e versos alheios, apropriando-os com criatividade. Quanto melhor é o poeta, mais seu é aquilo que furta.

O trabalho de um antologiador não é diferente deste: recolhe, seleciona e colige determinadas composições, esperando que o seu esforço revele o “status quo” da poesia hodierna, na sua vital multiplicidade. Neste contexto, a tarefa de que Victor Oliveira Mateus se tem ocupado, na série de livros Cintilações da Sombra, não é singela. A era do pós-modernismo carateriza-se pela emergência de estéticas individuais, e não tanto por correntes bem definidas. A poesia, mais até do que o romance, dinamiza-se num caleidoscópio de temas, conteúdos e estilos. Por sua vez, estes multiplicam-se e fragmentam-se, quando os autores se arriscam no campo do experimentalismo.

Perante esta realidade tão heterogénea, é legítimo colocar uma mão cheia de perguntas, talvez esfíngicas. Será possível um antologiador revelar capazmente uma tal diversidade de vozes poéticas? A que critérios recorrer na seleção dos textos mais representativos? Como usar um paradigma estético, quando a própria produção literária evolui mais pressurosamente do que a crítica? No início deste século, poderá a poesia contemplar-se, nua, ao espelho — e reconhecer-se?

Argumento que esta antologia, Cintilações da Sombra 3, constitui uma mostra representativa e internacional da poética contemporânea e, assim, responde às perguntas que referi. As caraterísticas que a generalidade dos textos aqui reunidos apresentam são o recurso à imagética poderosa, que causa o aristotélico sentimento de estranheza e fomenta o deleite estético; a musicalidade, por vezes deliberadamente fragmentária ou jazzística, se preferirem; e um premente desejo de libertação dos espartilhos formais.

Surpreendentemente, estes três constituintes partilhados revelam que o caudal da diversidade encontrou um leito comum, por onde fluir. Mais ainda, evidenciam que alguns anseios dos poetas e certas opções no plano estético não cambiaram significativamente com o rodar da máquina do tempo. Residirá nesses três pilares (imagem, música e novidade) a essência imemorial da poesia? Na minha leitura, os textos selecionados por Victor Oliveira Mateus testemunham precisamente isso.

Passemos à primeira trave-mestra desta obra, o sábio uso da imagem, um dos principais tropos, dentro dos recursos estilísticos. Os pintores renascentistas, quando desejavam salientar o erotismo de um corpo nu, cobriam-no parcialmente com uma veste, manto ou lençol. Esta estratégia, talvez paradoxal, não difere da usada pelos poetas: para revelar é preciso esconder; para ocultar é imprescindível sugerir; para insinuar é fundamental não ser evidente. Aqui reside um dos desafios primordiais de qualquer poeta: ser plurissignificativo, para que o corpo da poesia se ofereça, sempre fértil, a qualquer leitor. Mais dinâmica do que as comparações ou metáforas, a imagem ambiciona dizer o inefável, como este público de poetas bem sabe.

Em minha opinião, um dos textos que melhor ilustra esta capacidade é “Monólogos do Báltico V”, de Alberto Pereira, de que reproduzo um excerto: “Não me digam para guardar / o vento na garganta / ou que as tempestades / são retratos de um hospício. / O teu corpo ensinou-me, / o Verão é um felino / e a hierarquia das garras / só o tempo a sabe” (9). Outro belíssimo exemplo reside no poema “Os sulcos dos dias”, de Artur Ferreira Coimbra, que afirma: “As rugas desaguam nos rios / Que serpenteiam as tardes demoradas da vida / Depois de imensos outonos folhas pedras cristais / Luas de luas madrugadas sem final / Como pérolas que desabrocham em êxtase / Para recolher o mar cansado nas ondas do teu olhar / Indiferente aos barcos e à urgência intemporal das gaivotas” (17). Poderia ainda referir esta expressiva e original estrofe, da “Elegia a Natália Correia”, por Daniel Gonçalves: “era a dimensão encontrada uma torneira fechando a loucura / a paixão intacta como um vestido a quem avariaram as asas / e se despenhou no fundo do armário junto do botão perdido” (26).

Um segundo aspeto que me suscitou a atenção foi a musicalidade de alguns textos incorporados nesta antologia, sobretudo os de natureza mais lírica, termo que remete desde logo para o instrumento que acompanhava a leitura ou canto da poesia na antiguidade clássica. Destacaria, pelas suas qualidades fónico-rítmicas, “Dos mortos, cativos somos”, de Albano Martins, que recorre à anástrofe, ao encavalgamento e aos versos breves de onde ressuma a melodia. Transcrevo-o na íntegra: Partem / às vezes sem um aviso / sequer, como se / a sua ausência fosse / apenas temporária. Regressam / sempre ao lugar / donde partiram. Ou / somos nós que partimos / ao seu encontro, já / transformados em estátuas / de pirilampos” (8). A mesma melodia depurada encontra-se em poemas de recorte clássico, como “Amar-te” (19), de Casimiro de Brito, um dos meus poetas favoritos de sempre, ou “Caminhada” (21), de Cláudio Lima, apenas para citar dois dos abundantes exemplos que o leitor indubitavelmente desvendará.

Por fim, gostaria de realçar a relevância que o experimentalismo detém, como agente de revitalização da arte poética. Alguns autores, ao descobrirem a sua voz, aqui entendida como o estilo singular e temas dominantes, prosseguem um determinado rumo, despojado de surpresas. A poesia de Sophia Andresen ou de Eugénio de Andrade é monótona, no sentido eufórico do termo, ou seja, coesa. Este perfil permite ao leitor descobrir, por exemplo, o sentido dos termos mais recorrentes do seu estilo. Porque cada texto ilumina e esclarece os restantes, a compreensão da mensagem volve-se percetível, sem perder o véu lírico.

No entanto, favoreço os poetas que, num golpe de asa, mudam de rumo, por vezes sob a máscara heteronímica, e se atrevem à novidade, sem receio. Como afirmou Robert Graves, o experimentalismo significa dúvida, esperança e incerteza. Por outro lado, segundo argumenta António Ramos Rosa, num dos seus poemas, representa também a abertura de janelas, para deixar sair o ar viciado.

Existem diversas composições, nesta antologia, que reescrevem ou subvertem, com imaginação, temas imemoriais. Penso, por exemplo, no poema antirromântico “La vida segun Bacon”, de Antonio Praena Segura, que recorre ao calão e a uma linguagem vernácula para, citando um Francis Bacon embriagado, clamar: “el amor es ser bueno. Pero estaba borracho” (15). Outras composições aproximam a poesia à prosa, como sucede no texto “Corpo com vista para um declive” (53-54), de Maria José Quintela, “Correr até que o gato fale como um homem” (67), de Samuel Pimenta, ou “El Penúltimo Enojo de Leopoldo María Panero” (37), de Jorge Melícias, uma elegia irreverente quanto baste. Não se trata de prosa poética, expressão que Eugénio de Andrade abominava, e por bons motivos, mas sim de poemas em prosa, textos que se despiram das convenções, até na mancha tipográfica.

Em minha opinião, o poema mais arrojado desta antologia, na linguagem e ritmo fragmentário, pertence a Danilo Bueno. Um excerto: A ___ /quer / Mais que a ___ / A ___ fecha / Crianças num bunker / Ainda mais treva / (Odeia a alteridade) / Mera perspetiva de lucro / Nenhuma estética nenhuma / Boca no mamilo / Pode com ela” (27).

Ler este terceiro volume de Cintilações da Sombra constitui um prazer, porque toma o pulso à poesia de hoje, revelando a sua múltipla divícia, e afastando qualquer suspeita de esgotamento. Outrossim porque, pela abrangência de autores de vários países, constitui um desafio de literatura comparada para o leitor, e uma fonte de debate para o criador de poesia. Os três breves ensaios exegéticos que o acompanham, de Érico Nogueira, Miguel Real e Victor Oliveira Mateus, evidenciam este desejo de colocar a poesia em frente o espelho, refletindo-a e pensando-a.

E o que contempla a musa? Existem dois polos, na presente coletânea: por um lado, uma poesia mais tradicional, cultivando a depuração, um uso rigoroso de vocábulos pertencentes à esfera semântica do poético, e ecoando o rumor de vozes antigas; por outro, composições que alargam o escopo da literatura, sem perder o seu âmago, desafiando o expectável, na linguagem, nos temas e até na própria mancha tipográfica. Os primeiros transmitem conforto ao leitor, entretecendo-se num cânone sólido e antigo, que reificam e representam talentosamente. Sobre os segundos, repousa a responsabilidade de renovar, rasgar, subverter, antevendo, enfim, o amanhã da poesia. Neste contexto, não nos podemos esquecer de que os grandes poetas foram também profetas, como Hart Crane, Walt Whitman, Fernando Pessoa, Ezra Pound, entre outros nomes maiores do cânone ocidental.

Argumentavam os antigos gregos, com alguma justiça, que um extenso poema constitui uma longa maçada. O mesmo talvez se aplique a todos os textos críticos ou de apresentação, como o meu, quando ameaçam transpor as três ou quatro páginas tradicionais. Não desejando abusar da paciência dos ouvintes, nem reclamar o tempo dos poetas, mais precioso do que o dos críticos, terminaria apenas com um voto de esperança. Num dos textos desta coletânea, José Jorge Letria afirma que, no tempo em que vivemos, a poesia se cala e omite, quase pedindo desculpa por aludir ao amor. Perante a realidade atual, só desejo que estes versos cintilem, palavra a palavra, rumo ao futuro que sobressaltamos.
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quinta-feira, 19 de março de 2015



A CINTILAÇÕES DA SOMBRA 3 será apresentada ao público no próximo dia 21, DIA MUNDIAL DA POESIA, pelas 16:00, no Espaço SABER SABOR 6 ARTES, Rua da Junqueira, 438 - Lisboa. Este evento terá na mesa: o Prof. João de Mancelos, que apresentará a obra; Gisela Ramos Rosa, que dirá alguns dos textos apresentados; Victor Oliveira Mateus, coordenador da Antologia e o poeta Daniel Gonçalves, responsável pelo Design e Grafismo. O Nº 3 da Cintilações conta com a presença de escritores de Portugal, Brasil, Espanha, Argentina e Grécia.
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segunda-feira, 16 de março de 2015



  "Pássaro em queda num lugar sagrado"




Naqueles dias
vimos o pássaro em queda
num lugar sagrado
Voou com asas todas brancas
e uma cauda como leque de sol
Vimos o remoto relâmpago
o susto do baque
nos vidros mais comuns
a morte, ilusão de transparências
Abandonou outras imagens
idênticas asas perdidas
a glória fulminada
o risco do sangue


E vimos a inspiração do quadro
os homens e as mulheres
num canto do mundo
respirando a luz
como se fosse o silêncio inteiro
Contemplavam depois a própria cegueira
prisioneiros de um pó dourado
com os pés enleados em raízes
do mesmo vermelho vivo


Ficava ao largo
o sacro pescador
absorto na troca das marés
um sifão turvo de peixes
espelhos de espelhos
Prende nas suas redes
o ar da tempestade
lança-as sobre o vazio
o mais submerso mar




   Silva, José Manuel Teixeira da. Música de Anónimo. Lajes do Pico: Companhia das Ilhas, 2015, pp 35 - 36.
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domingo, 15 de março de 2015

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Porque _ Me fecham o Paraíso?
Cantei _ alto de mais?
Mas _ sei falar num leve tom "Menor"
Tímida como Pássaro!

Não me querem os Anjos pôr à prova _
Somente _ uma vez _ mais _
A _ ver _ se eu os iria perturbar _
Mas não _ fechem a porta!

Oh, fosse _ eu _ o Cavalheiro
O da "Túnica Branca" _
E eles _ a Mão _ que leve ali batia _
Será que _ eu _ proibia?


  Dickinson, Emily. Duzentos Poemas. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2014, p 411 (Tradução: Ana Luísa Amaral).
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Eis a minha carta ao Mundo,
Que nunca Me escreveu _
Notícias simples que, terna e Nobre _
Contou a Natureza


Foi dada a sua Mensagem
A Mãos que eu não posso ver _
Gentis _ patrícios _ por Seu Amor _
Dai-Me terna sentença


 
   Dickinson, Emily. Duzentos Poemas. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2014, p 363 (Tradução: Ana Luísa Amaral).
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quinta-feira, 12 de março de 2015



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(promo trailer )

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Dia 21 de Março (sábado), Dia Mundial da Poesia, pelas 16:00, será apresentada ao público - no espaço "Saber Sabor & Artes (Rua da Junqueira, nº 438 - Lisboa) - a obra "Cintilações da Sombra 3", Antologia coordenada por Victor Oliveira Mateus.  Para além do coordenador, este evento contará com a presença do poeta e ensaísta João de Mancelos, que fará a apresentação do referido livro, e de Gisela Ramos Rosa que lerá alguns dos textos antologiados.
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Os autores integrados no 3º Volume da "Cintilações são:
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POESIA
Adolfo Cueto ( Espanha)
Albano Martins (Portugal)
Alberto Pereira (Portugal)
Alfredo Pérez Alencart (Espanha)
Ana Maria Puga (Portugal)
Antonio Brasileiro (Brasil)
Antonio Cubelos Marqués (Espanha)
António Ferra (Portugal)
Antonio Praena Segura (Espanha)
Artur Ferreira Coimbra (Portugal)
Aurelino Costa (Portugal)
Casimiro de Brito (Portugal)
Cecília Barreira (Portugal)
Cláudio Lima (Portugal)
Cláudio Neves (Brasil)
Cristina Carvalho (Portugal)
Daniel Gonçalves (Portugal)
Danilo Bueno (Brasil)
Ernesto Rodrigues (Portugal)
Gabriela Rocha Martins (Portugal)
Gisela Ramos Rosa (Portugal)
Henrique Levy (Portugal)
Hugo Milhanas Machado (Portugal)
Inez Andrade Paes (Portugal)
Isabel Aguiar (Portugal)
Ivone Mendes da Silva (Portugal)
Joel Henriques (Portugal)
Jorge Melícias (Portugal)
José Cereijo (Espanha)
José do Carmo Francisco (Portugal)
José Félix Duque (Portugal)
José Jorge Letria (Portugal)
Leo Barbosa (Brasil)
Leonardo Chioda (Brasil)
Licínia Quitério (Portugal)
Lina Tâmega Peixoto (Brasil)
Luís Filipe Pereira (Portugal)
Marco Lucchesi (Brasil)
Maria Augusta Silva (Portugal)
Maria Estela Guedes (Portugal)
Maria Isabel Saavedra (Argentina)
Maria Jaralabidi (Grécia)
Maria José Quintela (Portugal)
Maria Teresa Horta (Portugal)
Mariana Ianelli (Brasil)
Marília Miranda Lopes (Portugal)
Myriam Fraga (Brasil)
Nuno Brito (Portugal)
Paulo Tavares (Portugal)
Pompeu Miguel Martins (Portugal)
Rafael Correcher Haro (Espanha)
Rafael Saravia (Espanha)
Rita Grácio (Portugal)
Rui Tinoco (Portugal)
Samuel Pimenta (Portugal)
Santiago Aguaded Landero (Espanha)
Sara Canelhas (Portugal)
William Zeytounlian (Brasil)
 
ENSAIO
 
Érico Nogueira (Brasil)
Miguel Real ( Portugal)
Victor Oliveira Mateus (Portugal)
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quarta-feira, 11 de março de 2015





Mostrei-lhe Cumes que ela nunca vira _
"Sobes?", disse eu
Ela disse - "Não" -
"Comigo" - disse eu - Comigo?
Mostrei-lhe Segredos _ o Ninho da Manhã _
A Corda que as Noites estenderam _
E agora _ "Convidas-me a ficar?"
Ela não soube bem se dizer Sim _
E então, eu afrouxei a minha vida _ E ali,
Para ela, brilhou solene a Luz,
Tão mais quanto mais longe a sua face _
Como podia ela, ainda, dizer "Não"?




   Dickinson, Emily. Duzentos Poemas. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2014, p 171 (Tradução: Ana Luísa Amaral).
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terça-feira, 10 de março de 2015



Vai até Ele! Carta feliz!
Diz-Lhe _
Diz-Lhe da página que não escrevi _
Diz-Lhe _ que eu disse só Sintaxe _
Mas pus de lado o Verbo e o pronome _
Diz-Lhe como voavam os meus dedos _
Se arrastavam depois _ tão _ devagar _
Que desejavas ter olhos no papel _
Para veres o que os fazia mover _


Diz-Lhe _ que não foi Escritor Experiente _
Adivinhavas _ pela frase tão esforçada _
Ouvias o Corpete em luta, atrás de ti _
Como se segurasse de uma criança o querer _
Quase te comoveste _ tu _ com tal labor _
Diz-Lhe _ não _ aí podes fingir _
Pois o Seu Coração se partiria ao saber _
E a seguir tu e eu, ficámos mais caladas.


Diz-lhe _ do fim da Noite _ antes de terminarmos _
E o Relógio gritava e repetia "Dia" !
E tu - tão ensonada _ a implorar o fim _
O que faltava de falar _ então?
Diz-lhe _ como ela te selou _ Cuidando!
Mas _ se Ele perguntar onde te escondes
Até amanhã _ carta Feliz!
Gesto Coquette _ faz que Não !




   Dickinson, Emily. Duzentos Poemas. Lisboa: Relógio D'Água, 2014, p 105 (Tradução: Ana Luísa Amaral).
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