domingo, 25 de março de 2018


          Soneto de certa história


Já não sei mais como andas e desandas,
mas sei bem como foi - e foi bonito,
com tantas luzes de mar e infinito
nos teus olhos. E cantos de cirandas

vindas de longe, como sarabandas
de deuses, consolando o peito aflito
e enviando as armas e os corcéis do mito
do amor a desfazer brumas nefandas

como as da indiferença. É o que me vem
daquele tempo em que vivi tão bem,
soberbo de avalons e samarcandas.

Bela memória em que fico a sofrer,
quase morrendo por nada saber
de como agora tu andas e desandas.


 Filho, Ruy Espinheira. Babilônia & outros poemas. São Paulo: Editora Patuá, 2017, p 33.
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