quinta-feira, 14 de julho de 2016

(Nota - A minha relação com o meu livro Regresso (2010), por razões que aqui não importam, foi sempre algo atribulada. A partir de certa altura, deixei mesmo de regressar a ele. Por outro lado, exceptuando o poema "Num café da Via Monginevro" que viria a surgir em vários blogues e Antologias, todos os outros textos do livro acabariam ignorados. Foi, pois, com alguma surpresa que acabei de encontrar, no último livro do poeta espanhol Miguel Veyrat ( El Hacha de Plata, La Isla de Siltolá, 2016) três versos de Regresso - vs. 1-3, Ainda no café - como epígrafe de uma das secções ( Pangea Pintada de Azul ) do seu livro aqui referido. Este gesto, de alguém que eu considero um Mestre - no sentido clássico do termo! - levou-me a reler esse meu livro por mim colocado à margem e levou-me também a - reconsiderando a qualidade dos poemas - fazer as pazes com a Voz Poética que há muito tempo estava encerrada, e sem remissão, em todas aquelas páginas.)
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     "  Notas Doce  "


Lo que se pudre es el tiempo
no el hombre proclamado
a imagen y semejanza
del gran arquitecto del grito.
El hombre, el que se
renueva siempre en marcas
- hermas, notas doce
que resuenan en su pecho al
compás de las estrellas:
a contar desde el verbo Domi
nante - el quinto nacido
desde la voz primera
en enviar su tono al caos solar.
El otro lado ya no existe,
ya no hay más allá: memorias
incompletas prosiguen
su latido tras la mística
droga llamada incertidumbre.
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     Veyrat, Miguel. El Hacha de Plata. Sevilla: Ediciones de La Isla de Siltolá, 2016, p. 45.
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