Pré-publicação: com a concordância do autor o texto que se segue será incluído num livro meu de traduções que sairá ainda este ano.
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Cadernos do Deserto
Fragmentos
I
Chegámos ao lugar onde o asfalto
se cravava na pele
aleonada
do deserto,
como um aguilhão.
Se uma estrada que não vês
não é uma estrada,
os instantes que não recordas
terão sido a tua vida?
II
Imagina a palma de uma mão
que não tivesse linhas,
isso é o deserto:
a beleza
daquilo que nos falta.
IV
Ao ver o escorpião, compreendi:
não há duas obscuridades
que doam o mesmo.
Rodríguez, Josep M. . Sangre seca. Madrid: Hipérion, 2017, pp 44-47 (Tradução de Victor Oliveira Mateus).
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