quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

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   Quanto a mim, não me sinto feliz nem infeliz; estou suspenso como um cabelo ou uma pena, na amálgama nebulosa dos meus pensamentos. Falei da inutilidade da Arte mas esqueci-me de reconhecer as consolações que ela proporciona. O alívio que deriva do género de trabalho que produzo com o cérebro e o coração reside nisto: só no silêncio activo do pintor ou do escritor é que a realidade pode ser reelaborada e revelada no seu aspecto verdadeiramente significativo. As nossas acções quotidianas nada mais são do que os ouropéis que velam o vestido de ouro - a essência da forma. É na sua arte que o artista encontra, pela imaginação, um feliz compromisso com tudo quanto o feriu na vida quotidiana, e não para escapar ao seu destino, como faz o homem vulgar, mas para realizá-lo da forma mais adequada e completa que lhe for possível.


  Durrel, Lawrence. Quarteto de Alexandria Vol. 1,  Justine. S/C.: Editora Ulisseia, 3ª Edição, pp 13 - 14.
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