segunda-feira, 25 de janeiro de 2016


Irreflexões

Nunca fui adepto de clube algum. Nunca fiz parte de nenhum partido político. Nunca pertenci a alguma das chamadas sociedades secretas, a lobbies de pressão ou capelinhas cuja cimentação seja uma afetividade acrítica e interesseira. Nunca pactuei com a Ditadura, apesar de ela me ter ofertado benesses que só os mais íntimos conhecem. Nunca aceitei do regime democrático qualquer coisa que violentasse a minha consciência moral. Nunca pertenci a religião alguma. Nunca me deixei fanatizar por um credo, um ídolo ou um rito. Nunca me senti integrado- apesar da minha admiração por Plotino, Porfírio e Espinosa - numa qualquer escola filosófica.. Nunca me deixei castrar por quaisquer ideários estéticos, literários, metafísicos ou outros. Nunca me deixei ficar no caminho daqueles a quem percebo que enfado. Nunca me afastei daqueles que amo ou sequer os defraudei com qualquer deslealdade intencional. Nunca me deixei consumir pelo ódio, pela inveja, ou por qualquer coisa que me possa corroer os dias. Nunca tive grandes esperanças na humanidade, apesar do que sinto por alguns dos seus membros. Nunca acreditei na perenidade da fama, nem em qualquer eternidade no aqui. Amei sempre quem quis, quando quis e onde quis. Nunca tive medo do escuro. Durmo em paz.... e espero partir também em paz. 


V.O.M.