terça-feira, 1 de julho de 2014





          "  Bizerte  "




Sob o céu tunisino
desejo-te outra vez
- o meu crescente é fértil pelo teu.


Falo sozinho,
ou falo-te, ó ausente
- e tanto me respondes.


Vejo na estrada o nácar cor-de-rosa
que esta noite soletrarei
na tua pele.


Pelo golpe de luz na açoteia
sei o calor que está
- a minha mão na tua.


Chega ao meu coração
a tua voz
mesmo se a tua palavra é o silêncio.


Sou como o poeta
que aguarda o poema
- a qualquer momento irás chegar.


O livro arde no círculo de luz
da treva inaugural
- esquivo-me da morte.




   Baptista, Amadeu. Fragmentos Tunisinos. S/c.: volta d'mar, 2014, p 7.
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