sábado, 13 de dezembro de 2014



(...)


A cidade é uma casa de putas.
Os homens procuram o seu signo.
Apanhar o táxi até ao veneno,
seduzir ancas fretadas por outras erupções.


Não lhes falem dessa sarjeta lamechas,
sentimentos.
O que importa
é o sismo que se atinge no colchão.


A cidade é uma casa de putas.
As mulheres vão executando orações,
os maridos fuso horário repetido.
As revistas ensinam,
um só corpo a vida inteira,
antes a morte.
É preciso ser palco para muitas neblinas,
sentir os aplausos da bruma,
e dizer no fim,
por hoje és o Olimpo.


A cidade é um oceano
quando os colchões deixam de palpitar.


 
  Pereira, Alberto. Poemas com Alzheimer. Lisboa: Glaciar, 2013, p 25.
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