" Estrada e fim "
Por espaços sem fim brandimos esperanças
- mas o que há é o chão rudimentar.
O corpo frágil. O pó a que voltamos.
A mente móvel sabe-se estranha:
inventar é preciso, monstros nos espreitam.
Monstros nos espreitam no beco - e estamos sós.
Definitivamente estamos sós, ó deuses,
tíbios deuses!
Por espaços de ouro caminhamos.
Projetos, sonhos, partituras:
ó música inacabada dos sentidos,
por que não me ensinaste que só há fim?
Estrada e fim. Toda estrada é fim
e nunca sabemos nada.
Vagamos, só, de infinito a infinito,
bilhões, trilhões de tudo que não conhecemos.
Bilhões, trilhões de ilhas solitárias, ventos
temíveis ventos soltos no amplo espaço, tudo
por um triz nada é seguro
nada.
Só a esperança. O homem e sua desesperada
esperança.
Brasileiro, Antonio. Desta varanda. Salvador: P55 Edições, 2011, p 36.
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