Nota - será publicada este ano, em Espanha, uma Antologia com poemas meus dos últimos anos. O soneto que aqui é postado, dedicado à figura e obra de Léon Felipe, é um dos inéditos que integrará a referida obra e que aparecerá, como é óbvio, na sua versão castelhana.
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“ Frente ao espelho “
ni piedra de un palacio,
ni piedra de una iglesia;
como tú,
piedra aventurera.
Léon Felipe, In “Como tú...”
Pensar-me
pedra deslocada e d’aventura
em
destreza por exílios sobre a terra
e
por entre estilos onde a vida sempre erra
em
glória (traiçoeira) que pouco dura.
Desenhar
minha senda inconformada e pura
em
pátrias vincadas d’ódio e guerra
que
na esperança pérfida vingança ferra
armas
de vileza que minha escrita mura.
Pensar-me
pedra e nada mais! Maravilha!
Como
ela ser coisa calejada e cantante
à
beira da vida. Entre seixos e gravilha
por
mim também passar: fugaz e circunstante
em
busca daquela madrugada que brilha
no
que de mim ficará – claro e anelante.