segunda-feira, 24 de agosto de 2015
" Versos "
Foi só uma vez, não posso condenar-te.
Deixaste para trás a tua própria sombra. Mas aquele
não eras tu. Não eras tu no teu perfeito juízo.
A sombra, em todo o caso, logo foi em teu socorro,
apanhando lentamente pedaços da tua vida,
versos e mais versos de proveito duvidoso.
E a verdade é que de pouco adiantou:
no final desse dia, como sempre, envelheceste.
Devias arranjar um ofício, rapaz,
um que seja útil, pôr de lado a poesia.
Quem mais recentemente declinou os teus serviços?
Nogueira, Vítor. Segunda Voz. Lisboa: Averno, 2014, p 19.
.
.