terça-feira, 10 de novembro de 2015


Friedrich Schller (10/11/1795 - 9/5/1805) foi, juntamente com Goethe e com Herder, uma figura maior do Romantismo Alemão e do Classicismo de Weimar. Da sua obra, literária e filosófica, ressalta a peça de teatro Don Carlos. Este texto, cuja ação decorre no século XVI desenvolve-se segundo duas linhas de força: primeiro, o mau relacionamento de Don Carlos ( 1545-1568) com o pai, Filipe II de Espanha (21/5/1527 - 13/9/1598), motivado sobretudo pelo autoritarismo do rei e pela forte repressão que exercia sobre a Flandres, mas também pelo facto de Filipe ter casado com Isabel de Valois, princesa francesa que inicialmente rumara a Espanha para casar com o Infante; segundo,  a forte oposição entre os ideais progressistas de Carlos, e do seu amigo maior - Rodrigo, Marquês de Posa -, e a repressão exercida pelo poder real poderosamente apoiado pela Inquisição. A partir daqui cresce uma enorme tecedura de paixões, ódios e traições, que culminam na morte de Carlos e de Rodrigo. Aliás, os historiadores ainda hoje não se entendem quanto à morte do Infante, que, para uns - devido ao seu temperamento fortemente emotivo e instável - se teria suicidado na prisão, mas para outros estar-se-ia perante um assassinato político. A peça inclina-se para a segunda opção, vejam-se as páginas 156-163.da edição aqui usada.
Acrescente-se ainda o soberbo uso que desta peça faz Verdi na ópera com o mesmo nome. As óperas de Verdi, numa Itália fortemente ocupada pela Áustria, teem todas um enorme cunho político, de rejeição de tudo o que é opressão e autoritarismo, assim, a sua Don Carlos, não foge à regra, veja-se, por exemplo, a ária em que Filipe II fala com Rodrigo e a nítida inflexão da música quando Rodrigo diz que o rei constituiu, sim, um reino de paz, mas que essa paz é a paz dos sepulcros. Sugere-se (até) uma análise comparativa das duas obras: a peça de Schiller e a ópera de Verdi.
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