quinta-feira, 9 de outubro de 2014



ah, o terraço dos extravios: era ali que mutilavam, entre um comentário indigno e uma maliciosa conjectura, o fulcro da vergonha, era ali que escarafunchavam a conduta dos homens com o ato de fé das feridas. eu pleitava apenas a evasão daquela cama, para não mais usufruir da venéfica pregação daquelas duas mulheres. até que indicaram, com uma desoladora erudição, a procedência da minha dor: não era um parasita que me beliscava o precipício do abdome, mas uma entidade muito mais perversa, a que comumente chamam de desespero.


   Fraga, Whisner. abismo poente. São Paulo: Ficções Editora Ltda., 2009, p 64.
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