quinta-feira, 11 de setembro de 2014



      "  Vizinhança  "

Ao tocares o troféu
logo o brilho se azinhavra.
Sequestrasses uma estrela
e terias entre os dedos
um arcabouço de lata.
Tira do castelo o amado
perderá coroa e cetro.
Melhor deixar o troféu
nas prateleiras do Olimpo.
Fique a estrela na galáxia.
Em nuvens se hospede o amado.
Qualquer vizinhança avilta
e apodrece os objetos.
Com o divino, o longínquo
tem parte. Só o impossível
partilha hálito celeste.


    Cabral, Astrid. 50 Poemas escolhidos pelo autor. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2008, p 84.
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