quinta-feira, 30 de abril de 2015
" Anjo-Atlante " (1)
São dois, os anjos.
Que peso suportam os ombros?
Vestidos de flor de roseira
no bater do coração, à espera de folgar
próximos, logo distantes.
De madrugada, quando a lua se esconde e
o músculo das espáduas se derreia
os dois, a par
que eram moços, que noivavam, que
iam por abismos num sem querer
um anjo em outro se desdobra
num jeito rapaz de querer passar à frente
de transparência em transparência
vivos, impuros
(1) Calcário policromado. Mestre Pero. Séc. XIV
Jorge, João Miguel Fernandes. Mirleos. Lisboa: Relógio D'Água, 2015, p 22.
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