Nota - os poemas de Judith Teixeira seguem a grafia da época.
" Duma Carta "
Escrevi-te hontem
somente para dizer
das minhas maguas e do meu amor...
O sol morria...
Tudo éra sombra em redor
e eu..., ainda escrevia...
A pena sempre a correr
sobre o papel,
deixava sintilações,
nas pedras do meu anel!
E a pena corria...
Nem precisava ver, o que escrevia!...
Anoitecêra.
...............................
Como em toalha de altar
a mesa
revestiu-se de luar!...
Nascêra a lua.
E a pena, nos bicos leves,
dizia ainda:
- Sou tua!
Por que é que me não escreves?
mas o papel acabou,
e a pena continuou:
Por que é que me não escreves?
O meu amor é todo teu
Só eu te sei amar!
- Só eu!...
Teixeira, Judith. Castelo de Sombras. Lisboa: Imp. Libanio da Silva, 1923, pp 13 - 14.
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