quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014


   Como sabem, adquiri a convicção de que o amor romântico é um sentimento humano universal, produzido por substâncias químicas específicas e estruturas cerebrais. Mas exactamente quais? Determinada a lançar alguma luz sobre essa magia que é capaz de fazer enlouquecer o mais lúcido dos homens, dei início a um projecto multiparcial em 1996, para recolher dados científicos relativos à química e aos circuitos cerebrais do amor romântico. Assumi que muitas substâncias químicas devem ter nisto participação, de uma maneira ou de outra. Mas centrei a minha investigação na dopamina e na norepinefrina, bem como numa substância cerebral com elas relacionada, a serotonina.
(...) Vejamos a dopamina. Níveis elevados de dopamina no cérebro provocam uma atenção extremamente concentrada, assim como uma motivação inabalável e comportamentos direccionados para um fim. Estas são características centrais do amor romântico (...) A euforia é outro aspecto notável dos amantes. Também ela parece estar associada à dopamina (...) A participação da dopamina pode também explicar porque é que os homens e as mulheres enamorados se tornam tão dependentes da sua relação amorosa e porque anseiam pela união emocional com o ser amado (...).
   À medida que uma relação amorosa se intensifica, esse pensamento irresistível e obsessivo pode aumentar, devido a uma relação negativa entre a serotonina e as suas parentes, a dopamina e a norepinefrina. À medida que os níveis de dopamina e de norepinefrina sobem, podem fazer com que os níveis de serotonina caiam. Isto poderia explicar por que motivo o crescimento do êxtase romântico de um amante intensifica de facto a compulsão para devanear, fantasiar, cismar, reflectir, obcecar-se com um parceiro amoroso.
 
  Fisher, Helen. Porque Amamos, A Natureza e a Química do Amor Romântico. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2008, pp 61 - 65.
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