terça-feira, 11 de fevereiro de 2014



     " Soneto do falo falho ou do quixotesco "


Unir os pólos nus gerando um sol
áureo, senhor, fidalgo de um archote,
que tremeluz na alcova e no lençol,
não pude com meu casto D. Quixote.
Nosso gozo se dava nas idéias
que nos suavam das bocas ao luar,
com vários cantos, como epopéias
ingênuas, sem potência, sem raiar.
Bem quis percorrer léguas de epiderme,
tocar banjo nos fios das madeixas,
amarrá-lo a dosséis e, vendo-o inerme,
atacá-lo com o mel voraz das gueixas.
       Mas o amor pleno pus no desalento
       e meu cio em moinhos só de vento.


    Moutinho, Rita. Sonetos dos Amores Mortos. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2006, p 27.
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