quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014



  " Soneto de desafio ao mito do Eterno Retorno "



Inquieta-me pensar que no passado
há o futuro e neste há o tempo ido.
O que vivenciei com um amor morto
em outra tez viverei com um amor vivo?
Esse mito do Eterno Retorno arfa
quando anseio nutrir novo destino.
Eu quero dados virgens na água,
vê-los modificar curso de rio.
Cala-te, Zaratustra, quero crer
que cada amar é outro criar de ritos,
que cada homem tem em seu buquê
uma desconhecida flor em cio!
       Também desejo ser criação inédita,
        não ter nenhuma pétala como réplica.



  Moutinho, Rita. Sonetos dos Amores Mortos. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2006, p 133.
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