segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

 
 
   Mesmo os povos dos quais não existem documentos escritos deixaram testemunhos dessa paixão. Com efeito, num levantamento de 166 culturas várias, os antropólogos encontraram testemunhos do amor romântico em 147, ou seja, em quase 90% das mesmas (...) desde a Sibéria ao interior rural australiano ou à Amazónia, as pessoas cantam canções de amor, compõem poemas amorosos e contam mitos e lendas de amor romântico. Muitos praticam magia amorosa - usando amuletos e talismãs ou servindo condimentos e preparados para estimular o ardor romântico (...)
   Da leitura dos poemas, canções e histórias de pessoas de todo o mundo, concluí que a faculdade do amor romântico se encontra solidamente urdida no tecido do cérebro humano. O amor romântico é uma experiência humana universal.
(...) Sem surpresa, concluí que este sentimento poderoso é uma combinação de vários traços específicos.
   Depois, para me certificar de que essas características da paixão romântica são universais, usei-as como base para um questionário que elaborei sobre o amor romântico (...) distribuí esse inquérito por homens e mulheres na Universidade de Rutgers e à volta dela, em Nova Jérsia, e na Universidade de Tóquio.
(...) Os resultados foram espantosos. Idade, sexo, orientação sexual, filiação religiosa e grupo étnico: nenhuma destas variantes humanas fez grande diferença nas respostas.
(...) Amor romântico. Amor obsessivo. Amor apaixonado. Atracção. Chame-se-lhe o que se quiser, homens e mulheres de todas as épocas e de todas as culturas têm sido "enfeitiçados, importunados e desconcertados" por essa força irresistível. Estar enamorado é algo que abrange toda a humanidade; faz parte da natureza humana.
   Além diso, essa magia visita cada um de nós de maneira muito semelhante.
 
 
  Fisher, Helen. Porque Amamos, A Natureza e a Química do Amor Romântico. Lisboa: Relógio D'Água Editores, 2008, pp 19 - 21.
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