Olhar de poeta
Um olhar de varar
poeira pele poros
roupas e paredes.
Olhar de levantar
escamas e máscaras.
Olhar de desvendar
a chuva vindoura
na nuvem de agora.
Ver a pastagem verde
debaixo de alva neve.
Enxergar no lago
a milenar geleira.
Adivinhar na ilha
montanha submersa.
Olhar a se lançar
além do presente
vendo no ovo a ave
e na ave o voo.
Cabral, Astrid.
Palavra na berlinda. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2011, p 69.
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