sábado, 17 de junho de 2017
O compromisso é para com
esta minha língua de fogo.
Sabes,
bastaria uma palavra.
E não é que,
sem que nada
o fizesse prever,
dás sinal de vida?
Dizes que estás quase a partir,
pois tudo é prece descabida,
apenas tendo tempo
para alegações finais.
Em minha defesa
direi apenas isto:
pretexto injusto
seria acusares-me
de não saber amar
convenientemente
o mais impuro dos dons:
pluma/solitária/perdida.
Com proveito discutível,
seria esta uma desmedida
declaração de abertura.
Mas que sei eu de compassos
e destes desacertos sincopados?
De elipse em elipse,
a queda é a cadência mais fiel.
Soeiro, Ricardo Gil. A Rosa de Paracelso. S/c.: Coisas de Ler Edições, 2017, p 17.
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