quarta-feira, 7 de março de 2018
todos os dias a tua ausência se repete
dia após dia o longo caudal de silêncio
pedra a pedra suportando o peso da sede
até que a casa derrame a sua voz secreta
e nem uma ave te acorda nem uma estrela
ou outra música anoitecida te pode envolver
é este o ofício que nos corrige a cegueira?
este vazio violando a nossa respiração?
a espera tecendo o horizonte as asas do tempo
a doçura inscrita na fulguração da distância?
Gonçalves, Daniel. dez anos de solidão. Fafe: Editora Labirinto, 2007, p 57.
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