quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
"A um poeta da estirpe de Horácio"
Fizeste um monumento
de lata não de bronze
se bem que a tua mente
seja bronze o que esconde.
Nem a mais fina chuva
o há-de corroer
nem esse vento agudo
poderá desfazê-lo.
Com tal perenidade
a ter o monumento,
os anos não são nada
pelo fluir do tempo.
De modo que em ti vive
certa posteridade,
ó rejuvenescido
pelo brilho da lata!
Salvado, António. Poemas escolhidos. Castelo Branco: A 23 Edições, 2016, pp 51-52 (Nota de apresentação de Margarida Gil dos Reis).