quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
" Leve oferta "
Queria que a minha alma te fosse
ligeira
como as últimas folhas
dos choupos, que se incendeiam ao sol
sobre os ramos envoltos
de névoa -
Queria guiar-te com as minhas palavras
por uma alameda deserta, semeada
de ténues sombras -
até um vale de silêncio coberto de erva,
até ao lago -
onde vibra a cada sopro de ar
o canavial
e as libélulas brincam
em águas pouco profundas -
Queria que a minha alma te fosse
ligeira,
que a minha poesia te fosse uma ponte,
subtil e segura,
branca -
sobre a escura voragem
da terra.
Pozzi, Antonia. Morte de uma estação. Lisboa: Averno, 2012, pp 81-83 (Tradução de Inês Dias).
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