quinta-feira, 11 de janeiro de 2018
As palavras e a máscara
Para que servem as palavras
que nunca cheguei a dizer?
As justificações?
Um cabriolar de motivos,
que, por mais autênticos e verdadeiros,
lerias como farsa
para um palanque que o tempo não poupou.
De que serve falar do não pensado
ou do pensado sem rigor nem previsões;
dessa loucura antiga
que a vida inteira puniu
como um resgate
do que em mim emenda nunca tivera
nem sequer diminuição?:
pagamento desmedido;
tormento por um gesto descuidado,
estouvamento;
máscara com que ainda hoje disfarço
aquilo que não tem nome.
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Mateus, Victor Oliveira. folhas - letras & outros ofícios 15. Aveiro: Grupo Poético de Aveiro, 2017, p 129.
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