No dia em que voltares ao cais
possam os rios correr para ti
e os barcos amanhecer no horizonte.
Canta a tua prece a Vénus
e diz-lhe, humildemente,
que as ondas não percam
o sal que te destinei
em oferenda.
Os búzios
entoam o bruar
e o bruar é a tua voz
ao longe.
No dia em que voltares ao cais
possam as águas perfumar-te de azul
e o meu amor por ti zarpar num vôo
de espuma e asa livre.
Que as moiras te concedam os dias
e que os dias te sejam limpos e
fiéis
é o meu desejo.
No dia em que voltares ao cais
possa eu esperar-te a praia inteira
o sorriso e a luz.
Se no cais não me encontrares
sabe que parti.
Pertenço agora ao vento
e à areia que te saúda
os pés.
Pimenta, Samuel. Ágora. S/c.: Livros de Ontem, 2015, pp 54 - 55.
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